O boletim InfoGripe, da Fiocruz, acende um alerta contínuo: os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) persistem em crescimento no Brasil. Nas últimas quatro semanas, entre os casos graves confirmados, a gripe por Influenza A respondeu por quase 39%, enquanto o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) foi responsável por cerca de 47%, enquanto a Covid-19, menos de 2% das pessoas infectadas.
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A situação se torna ainda mais grave ao olharmos para as mortes no mesmo período: a gripe por Influenza A foi o vírus predominante, presente em mais de 73% das mortes. O VSR apareceu em quase 13% dos óbitos, e a Covid-19 foi detectada em cerca de 5% das mortes confirmadas. Diante desse cenário desafiador, a baixa taxa de vacinação contra a Influenza A no país, que lamentavelmente gira em torno de apenas 40% da população, é um grande risco. A vacina é uma ferramenta essencial para prevenir formas graves da doença, internações e mortes.
É crucial que lideranças de todos os espectros políticos se engajem ativamente na promoção da vacinação. A influência dessas figuras públicas nas atitudes da população é imensa, e seu apoio explícito pode ser decisivo para aumentar a cobertura vacinal e proteger a saúde de todos.
Políticas Públicas em Saúde: decisões baseadas em informação
Para gastar bem o dinheiro público na saúde, as decisões precisam ser baseadas em evidências científicas de que a política pública possa realmente funcionar, e não em “clamor social”. Isso já é um padrão em políticas públicas em países como o Reino Unido. Um artigo importante de Katherine Baicker e Amitabh Chandra, publicado no New England Journal of Medicine, explica que uma boa política pública de saúde tem três pontos-chave: ser bem clara e detalhada (não apenas uma ideia vaga), ter pesquisas que mostrem que ela realmente funciona, e comprovar que o gasto vale a pena, ou seja, que traz mais benefício do que outras alternativas onde o dinheiro poderia ser aplicado.
Os autores defendem que não basta que as pessoas clamem por uma ideia, ou mesmo na necessidade de que algo seja feito. É essencial que a ciência mostre que a ação é eficaz e que é um bom investimento para a saúde de todos, geralmente feito com análise de custo-efetividade. Isso garante que o dinheiro público seja usado da melhor forma, sem desperdício e falsas promessas.
Uso viciante de telas em jovens: Impactos e o desafio da causalidade
Um estudo recente, que acompanhou 4.285 jovens americanos com idade média de 10 até os 14 anos, investigou como o uso viciante de telas (redes sociais, celulares, videogames) se relaciona com a saúde mental. Os achados mostraram que padrões de uso de tela “alto e estável” ou que cresceram dos 10 aos 14 estavam ligados a uma maior probabilidade de comportamentos e pensamentos suicidas, além de outros problemas de saúde mental.
No entanto, é fundamental considerar a possibilidade de “causalidade reversa”. Isso significa que não é apenas o uso excessivo de telas que causa o problema; jovens que começam a sofrer com questões de saúde mental podem, por sua vez, usar as telas de forma mais viciante, possívelmente como uma forma de lidar com seu sofrimento. Assim, o estudo sugere que o uso viciante de telas pode ser um sinal de risco, e não a única causa, destacando a complexidade da relação e a necessidade de abordagens amplas para o bem-estar mental dos jovens.